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Lula centraliza poder e transforma governo em reduto petista, diz Estadão

Desgaste nas relações políticas e recusa em negociar fragilizam base aliada no Congresso

O jornal O Estado de S. Paulo, em um editorial publicado na terça-feira, 20, observou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem mais poder no Partido dos Trabalhadores (PT) agora do que em qualquer outro ponto de seus mandatos.

Mantendo uma marca que o acompanha desde os tempos de oposição, Lula completou dois anos e meio de mandato: a incapacidade de compartilhar poder.

O governo em exercício concede ao PT e aos seus aliados mais dedicados quase 40% dos assentos ministeriais, a maior porção desde 2003. Nem mesmo o compromisso de uma istração “plural” resistiu aos primeiros meses de 2023.

Segundo levantamento do Estadão, o PT domina hoje 38% dos ministérios — número superior aos 36% registrados no primeiro mandato de Lula e aos 33% do segundo.

Mesmo Dilma Rousseff, em seu período mais ideológico, não foi tão longe. Por exemplo, durante a istração de Jair Bolsonaro, o PL tinha controle de apenas 9% dos ministérios. A análise revela uma tendência: quanto maior o domínio do PT, menor a margem para a coalizão.

Logo após a posse, a promessa de um governo de “união nacional” se desvaneceu. Embora 14 partidos formem oficialmente a base governista, o verdadeiro poder está nas mãos do PT e de indivíduos próximos a Lula.

Muitos dos ministros classificados como “sem partido” orbitam há anos em torno do petismo. Isso reduziu ainda mais o espaço dos demais partidos, inclusive dos que apoiaram a eleição do presidente.

Lula enfraquece coalizão e amplia desgaste com o Congresso

Além do progresso partidário do PT, o mandato atual mostra um Lula menos envolvido na articulação política. A programação presidencial tem menos reuniões com legisladores do que as de seus predecessores, incluindo Dilma Rousseff.

Segundo o editorial, mesmo durante votações vitais, o líder do Executivo evita encontrar-se com deputados e senadores, transferindo a negociação para ajudantes cada vez mais incapazes.

A crise com partidos do centro foi intensificada pelo isolamento de Lula. Mesmo com representantes no governo, partidos como União Brasil, PP, MDB, PSD e Republicanos ignoram o Planalto no plenário.

Mesmo as legendas menores são afetadas pela fragmentação. O PDT se separou do governo após a demissão de Carlos Lupi, que estava à frente da Previdência Social. Isso resulta em um governo enfraquecido, sem lealdade e sem controle sobre sua base.

Alerta de especialistas: a coalizão corre maiores riscos de implosão quando o número de partidos aumenta e a distribuição de cargos e verbas se torna mais desigual.

A situação do governo Lula corrobora a norma. Em vez de expandir as áreas, o presidente reduz a participação dos colaboradores. A governabilidade se torna comprometida.

Ademais, o PT persiste em istrar como se possuísse o país. Ao descartar acordos e centralizar tudo em seu próprio grupo, Lula reproduz o antigo enredo da hegemonia petista.

Sob o pretexto de uma alegada “virtude política”, o partido marginaliza aliados, menospreza o Congresso e intensifica a divisão. O preço desta arrogância logo é cobrado – e, como de costume, o Brasil é quem arca com as consequências.

As informações são da Revista Oeste

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