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Trump acusa Pequim de “ar perna”; regime chinês chama ação de “bullying”

Escalada na guerra comercial agrava tensão entre EUA e China e ameaça estabilidade do comércio global

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, elevou o tom contra a China nesta terça-feira (8) ao acusar o país asiático de “sempre ar a perna nos americanos”. A declaração foi feita durante um jantar do Comitê Nacional Republicano para o Congresso, poucas horas após o anúncio da nova tarifa de 104% sobre produtos chineses, medida confirmada pela Casa Branca como parte da resposta à retaliação comercial imposta por Pequim.

“Eles [chineses] sempre nos aram a perna a torto e a direito. Vamos agora ar a perna neles”, afirmou Trump em tom provocativo.

O novo pacote tarifário é mais um capítulo da guerra comercial entre as duas maiores economias do planeta. Trump havia dado à China um prazo de 12 horas para recuar das tarifas de 34% aplicadas contra produtos dos EUA, sob pena de enfrentar retaliação ainda mais severa. Como não houve resposta positiva, a medida foi oficializada por Karoline Leavitt, secretária de imprensa da Casa Branca.

China reage: acusa EUA de “atos hegemônicos”

A resposta chinesa veio nesta quarta-feira (9), por meio de nota do Ministério das Relações Exteriores. A declaração classifica a atitude dos Estados Unidos como “bullying” e “atos intimidatórios”, afirmando que o país asiático não aceitará esse tipo de pressão.

“Os EUA continuam a abusar das tarifas sobre a China. A China se opõe firmemente e jamais aceitará tais atos hegemônicos e de bullying”, disse o governo chinês.

A escalada provocou reação também na Organização Mundial do Comércio (OMC). Em comunicado, Pequim alertou para os riscos de desestabilização global e denunciou que a ação dos EUA “violava as regras multilaterais” e agravava o cenário comercial de forma perigosa.

“Como um dos membros afetados, a China expressa profunda preocupação e firme oposição a essa medida imprudente”, diz o comunicado ado pela agência Reuters.

Acusações mútuas aumentam o clima de instabilidade

Durante reunião da OMC, representantes chineses enfatizaram que as chamadas tarifas recíprocas violam o espírito da organização e tendem a sair pela culatra, prejudicando inclusive a economia dos próprios Estados Unidos.

“Tarifas recíprocas não são — e nunca serão — uma cura para os desequilíbrios comerciais. Em vez disso, elas sairão pela culatra, prejudicando os próprios EUA”, declarou a missão da China.

O governo americano, por outro lado, tem insistido que as medidas são necessárias para corrigir distorções históricas no comércio bilateral com a China, especialmente nas áreas de propriedade intelectual, dumping e subsídios ilegais.

Ime comercial ameaça acordos internacionais

Com as novas tarifas, os Estados Unidos ampliam um confronto que começou ainda em 2018, no primeiro mandato de Trump, e que se intensificou neste ciclo eleitoral. A tarifa de 104% representa um salto sem precedentes nas sanções contra produtos chineses e pode comprometer cadeias globais de fornecimento, impactando não apenas as duas nações, mas o comércio internacional como um todo.

O gesto é visto como parte da estratégia de campanha de Trump, que tenta capitalizar o discurso protecionista e nacionalista, apontando a China como adversário econômico direto dos EUA.

O clima de tensão deve se manter nos próximos dias, já que não há previsão de diálogo entre os países, e ambas as partes demonstram disposição de manter ou ampliar as medidas retaliatórias.

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