A revista britânica The Economist intensificou a divulgação de seu editorial crítico ao Supremo Tribunal Federal (STF), especialmente ao ministro Alexandre de Moraes, ao compartilhar o conteúdo 13 vezes na plataforma X (antigo Twitter) desde a última quarta-feira (16). O título do texto é: “Brazil’s Supreme Court is on trial” — em tradução livre, “A Suprema Corte do Brasil está em julgamento”.
Repercussão atípica nas redes
As 13 postagens somaram 3,8 milhões de visualizações, com média de 292 mil os por publicação. Os números superam expressivamente o desempenho usual da revista na plataforma, que costuma ter entre 40 mil e 50 mil visualizações por post. A última publicação do editorial ocorreu na noite de sábado (19), mostrando o esforço editorial da revista para ampliar o alcance da crítica.
Moraes e o STF sob escrutínio internacional
No texto, a The Economist afirma que os ministros da Corte brasileira exercem um poder extraordinário, com decisões monocráticas de grande impacto, algo incomum em outros países democráticos. A publicação ressalta que esse modelo concentra autoridade e confere aos ministros status de celebridade — cenário considerado perigoso para a separação dos poderes.
O editorial ainda aponta que questões que normalmente seriam decididas por autoridades eleitas acabam ficando sob responsabilidade de ministros do STF, contribuindo para a sobrecarga processual da Corte e abrindo espaço para decisões individuais com efeitos nacionais.
Destaque à atuação de Moraes e regulação das redes
A revista britânica dedica atenção especial ao ministro Alexandre de Moraes, mencionando sua postura na regulação da liberdade de expressão na internet — atuação que se intensificou após a eleição de Jair Bolsonaro em 2018. O texto sugere que Moraes concentra poder excessivo, o que gera questionamentos no cenário internacional sobre os limites da atuação do Judiciário no Brasil.
Barroso rebate e defende o STF
Em reação, o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, publicou uma nota oficial criticando o conteúdo do editorial. Segundo ele, a revista reproduz uma narrativa próxima à dos que “tentaram um golpe de Estado no Brasil”. Barroso declarou que o Brasil vive “uma democracia plena, com Estado de Direito e respeito aos direitos fundamentais”.
O ministro também saiu em defesa de Alexandre de Moraes, classificando sua atuação como firme e necessária diante das ameaças institucionais de 2023. Barroso disse ainda que a condução dos processos contra os envolvidos nos atos do 8 de janeiro ocorre dentro das normas do devido processo legal, e que a relatoria de Moraes conta com apoio da maioria do tribunal.
