
A inadimplência empresarial no Brasil atingiu o patamar recorde de 7 milhões de companhias em 2024, segundo dados do Serasa Experian. Esse número equivale a quase um terço de todas as empresas no país e reflete o impacto de fatores como a alta da Selic, atualmente em 12,25%, e a valorização do dólar, que ultraou R$ 6 no quarto trimestre.
Crescimento expressivo e cenário preocupante
O ano registrou um aumento significativo da inadimplência empresarial, especialmente após o Banco Central elevar a taxa básica de juros. Em outubro, 100 mil novas empresas entraram na lista de inadimplentes, quebrando uma estabilidade de cinco meses. “A taxa de juros é determinante para a inadimplência das empresas. Não esperamos redução nesse cenário nos próximos trimestres”, destacou Luiz Rabi, economista-chefe do Serasa.
Recuperações judiciais e renegociações recordes
O aumento da inadimplência levou 1,7 mil empresas a solicitarem recuperação judicial até setembro, um crescimento de 73% em relação a 2023. O Serasa prevê que esse número supere 2 mil até o final de 2024, superando os registros das crises de 2015 e 2016.
Renegociações extrajudiciais também cresceram de forma significativa, com valores renegociados ultraando R$ 31 bilhões, mais de 300% acima do período anterior.
Perspectivas para 2025
Analistas projetam que a Selic pode ultraar 15% em 2025, aumentando o custo do crédito e agravando a crise. Ricardo Knoepfelmacher, consultor da RK Partners, alerta para o impacto dessa dinâmica: “Com a Selic elevada, veremos uma restrição ainda maior ao crédito e um aumento das reestruturações forçadas”.
Economistas também apontam possíveis efeitos em cascata. Empresas endividadas podem rear custos ao consumidor, pressionando ainda mais a inflação, além de implementar cortes operacionais, incluindo demissões.
A dívida média empresarial alcançou R$ 22,4 mil em outubro de 2024, representando uma alta de 18% em um ano. Este é o maior valor já registrado, superando a média de R$ 18,8 mil registrada em 2019.
Impacto estrutural
Especialistas enfatizam que a fuga de capitais, somada à falta de estratégias para redução de endividamento, compromete a competitividade das empresas brasileiras. Medidas para frear a alta da inadimplência e fomentar o ambiente de negócios serão essenciais para evitar um agravamento da crise em 2025.