Netflix altera identidade de assassino negro e o transforma em adolescente branco conservador
Série baseada em crime real muda raça e ideologia do criminoso

A Netflix lançou a série Adolescência, baseada no assassinato da adolescente Elianne Andam, ocorrido em 2023, em Londres, Inglaterra. No entanto, a produção alterou elementos essenciais da história real, mudando a identidade do criminoso. Na vida real, o assassino era Hassan Sentamu, um jovem negro de 18 anos, com histórico de violência e uso de drogas. Na série, no entanto, o criminoso é retratado como um adolescente branco, de classe alta e com perfil conservador.
A mudança provocou críticas, pois transforma completamente a narrativa do crime, ignorando o contexto do caso real para se alinhar a um discurso politicamente conveniente.
Além disso, a série apresenta um viés pró-censura, ao sugerir que as redes sociais são responsáveis pela radicalização dos jovens e influenciam comportamentos violentos. O ator Stephen Graham, que participa da produção, afirmou em entrevista à revista Radio Times que a série tem como objetivo “provocar reflexão sobre a cultura incel e suas consequências na sociedade”.
Adolescence was inspired by the murder of schoolgirl Elianne Andam at the hands of Hassan Sentamu in Croydon, 2023.
They are deceiving you. https://t.co/8DdRgqoD24 pic.twitter.com/sw7PFZIr7b
— Jonathan Wong (@WGthink) March 19, 2025
Na história real, Hassan Sentamu, ex-namorado de uma amiga da vítima, assassinou Elianne Andam, de 15 anos, em um ponto de ônibus após uma discussão sobre um ursinho de pelúcia. Sentamu já tinha histórico de agressões e porte de facas, além de ser usuário de cannabis. Durante o julgamento, tentou justificar suas ações alegando transtorno do espectro autista e baixo QI, mas a defesa foi rejeitada, e ele foi condenado a 23 anos de prisão.
Na série da Netflix, no entanto, o crime é completamente modificado. O assassino a a ser um jovem branco de 13 anos, chamado Jamie Miller, pertencente a uma família rica, que esfaqueia uma colega após um comentário em suas fotos no Instagram. A mudança levanta questionamentos sobre a intenção por trás da reinterpretação do crime, já que a produção omite elementos fundamentais do caso real para encaixá-lo em uma narrativa ideológica específica.
🚨 NEW: The creators of Netflix series “Adolescence” have said they want it to be shown in Parliament and schools so it “causes discussion and makes change”
The show shines a light on social media’s toxic influence and misogynist influencers on teenage boys
[@BBCNews] pic.twitter.com/AeTs0u4wvW— Politics UK (@PolitlcsUK) March 18, 2025
Netflix Adapta Caso Para Narrativa Progressista
O fato de a série ocultar a identidade original do criminoso e atribuir o crime a um perfil ideológico completamente diferente gerou polêmica. O caso real não tinha qualquer ligação com “cultura incel”, como sugere a série. Em vez disso, tratava-se de um ato de violência impulsiva, cometido por um jovem com histórico de comportamento agressivo e uso de drogas.
A Netflix, ao modificar esses elementos, transforma um crime brutal cometido por um jovem negro em um suposto caso de radicalização de um adolescente branco conservador, manipulando a percepção do público sobre a realidade do ocorrido.
O assassinato de Ava White, outro caso citado como inspiração para a série, também não tinha relação com ideologias políticas. Ava, de 11 anos, foi morta por um menino de 14 anos após pedir que ele apagasse um vídeo em que ela e os amigos apareciam consumindo álcool. Mesmo assim, a série tenta associar os casos a uma suposta “radicalização de jovens brancos”, ignorando completamente o contexto original dos crimes.
