
No dia seguinte à confirmação de uma pesquisa Genial/Quaest sobre a queda de sua popularidade, Lula realizou um evento em Brasília na quinta-feira, 3, para comemorar dois anos de governo. Apesar de ainda haver promessas de campanha não cumpridas, o líder do PT reiterou medidas antigas e declarou que encontrou o país em “ruínas” quando reassumiu o cargo.
A campanha “O Brasil é dos brasileiros” também foi lançada durante o ato, como uma resposta ao presidente dos EUA, Donald Trump, e aos apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro, que têm uma visão positiva do governo americano.
Aliados de Lula começaram a utilizar o lema em rádios e TVs para contrapor diretamente a frase “Make America Great Again”, empregada por Trump e modificada pelos apoiadores de Bolsonaro para “Make Brazil Great Again”.
Lula manifestou críticas ao “tarifaço” proclamado pelo líder dos EUA. A fala serve para fortalecer a versão de que o governo petista protege os interesses do povo brasileiro. O acontecimento ressaltou aspectos positivos da istração, tal como a criação de empregos, e englobou declarações de apoiadores.
Além disso, vídeos em tom eleitoral promoveram programas como o Mais Médicos e o Bolsa Família.
“É a reconstrução de um país deixado em ruínas pelo governo anterior. O Brasil é um país que volta a sonhar com esperança, com mais desenvolvimento, mais inclusão social”, disse Lula, em crítica à gestão de Jair Bolsonaro. “Ainda há muito a ser feito. Precisamos da união de todos para derrotar o ódio e a mentira.”
Sidônio pensou em reduzir dimensão do evento
O titular da Secretaria de Comunicação Social, Sidônio Palmeira, que gerenciou a campanha de Lula, ficou frustrado com erros técnicos na transmissão das imagens. De acordo com o jornal O Globo, ele desejou atenuar a magnitude do evento do dia anterior após a pesquisa divulgada na véspera indicar um aumento na desaprovação do governo, distante da aprovação.
Palmeira pensou em cancelar a cerimônia em um centro de convenções de Brasília e transferi-la para o Palácio do Planalto, no entanto, Lula decidiu manter o plano original.
Na tentativa de reconquistar a aprovação popular, Lula introduziu novas medidas, incluindo a reforma do programa Celular Seguro e a proposição ao Congresso do projeto que isenta aqueles que recebem até R$ 5 mil por mês do Imposto de Renda. “Novos anúncios estão chegando”, declarou. “O Minha Casa Minha Vida começará a beneficiar também a classe média.”
Durante um jantar com parlamentares na residência oficial do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), na noite anterior, Lula explicou a queda de popularidade afirmando que, apesar do governo ter boas ações, ainda não encontrou uma “narrativa” que atinja um público mais amplo.
Lula esquece promessas de campanha
No evento de quinta-feira, as promessas de campanha não cumpridas não foram mencionadas pelo presidente. A picanha, representando a promessa de diminuição da inflação dos alimentos, foi notável tanto no palanque quanto na propaganda. Contudo, estatísticas do IBGE indicam um aumento de 20,8% no preço da carne em 2024.
Em 2022, Lula também havia feito a promessa de reformar o sistema penitenciário, “separando presos por grau de periculosidade”, além de promover trabalho e educação para a ressocialização. Ele também mencionou a criação de universidades de segurança pública para a qualificação dos profissionais do setor. No entanto, nenhuma dessas iniciativas progrediu.
Ainda não há previsão para a implementação da regulamentação do trabalho de motoristas e entregadores de aplicativo, mesmo com um projeto já enviado ao Congresso.
Veja as promessas ainda não cumpridas de Lula:
- Picanha barata: apesar da promessa de campanha de reduzir o preço da carne, o valor subiu 20,8% em 2024, segundo o IPCA;
- Segurança pública: a criação de um Ministério da Segurança Pública, para melhorar, entre outros pontos, a formação de policiais militares, e a reorganização do sistema penitenciário não avançaram;
- Autoridade climática: a proposta de criar um órgão voltado à formulação de políticas ambientais está parada na Casa Civil;
- Demarcações indígenas: Lula prometeu demarcar 14 territórios nos cem primeiros dias. Apenas 13 foram demarcados;
- Motoristas de aplicativo: o projeto de regulamentação foi enviado ao Congresso, mas enfrentou resistência da categoria e segue sem previsão de entrega.
As informações são da Revista Oeste