
O deputado Pedro Lucas Fernandes (União Brasil–MA) deve ser o novo ministro das Comunicações no governo Lula (PT), ocupando o cargo deixado por Juscelino Filho, que foi forçado a se afastar após ser indiciado pela Polícia Federal por uma série de crimes ligados à corrupção.
Pedro Lucas compartilha com o antecessor o mesmo partido, a origem no Maranhão e o apoio político decisivo do ministro do Supremo Tribunal Federal, Flávio Dino, ex-ministro da Justiça de Lula e figura central no governo petista.
Indiciamento e denúncias contra Juscelino Filho
Juscelino foi indiciado em junho de 2023 pela Polícia Federal por uma extensa lista de crimes:
- Fraude em licitação
- Falsidade ideológica
- Violação de sigilo em licitação
- Corrupção iva
- Lavagem de dinheiro
- Participação em organização criminosa
Apesar da gravidade das acusações, Lula manteve Juscelino no cargo por quase um ano, até que a Procuradoria-Geral da República (PGR) transformou, finalmente, o indiciamento em denúncia formal — um processo que demorou dez meses, em contraste com a agilidade vista em casos envolvendo adversários políticos do governo, como o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Substituição negociada com o partido
Segundo informações de bastidores, o Palácio do Planalto já havia sido alertado informalmente na última sexta-feira (4) sobre a denúncia da PGR, que ainda tramita sob segredo de Justiça, apesar do evidente interesse público. A partir disso, a ministra Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais) articulou uma reunião com a cúpula do União Brasil para tratar da substituição no Ministério das Comunicações.
O encontro foi marcado para esta segunda-feira (9), na residência do presidente do partido, Antonio Rueda, alvo de críticas por sua atuação no comando da legenda. Durante a reunião, Gleisi reou o pedido de Lula para que o União indicasse um novo nome, e o consenso recaiu sobre Pedro Lucas.
Apoio de Dino e trajetória política
Pedro Lucas conta com o apoio explícito de Flávio Dino, que o nomeou, ainda em seu governo no Maranhão, para presidir uma agência estadual. A ligação política entre ambos reforça o peso do aval de Dino na escolha do novo ministro, demonstrando sua influência mesmo após sua ida ao STF.
Novas suspeitas de uso indevido de emendas
Além das acusações contra Juscelino Filho, que teria direcionado recursos públicos para beneficiar propriedades de sua família, o novo indicado Pedro Lucas também foi citado em denúncias envolvendo desvios de emendas parlamentares. Segundo apurações, ele teria atuado junto à Codevasf (Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba) em esquemas irregulares de destinação de verbas.
No caso de Juscelino, parte dos recursos foi usada para pavimentar uma estrada em Vitorino Freire (MA), onde 80% da via beneficiaria propriedades do próprio ministro. A cidade é istrada por sua irmã, Luanna Rezende, também alvo de investigação. Juscelino nega as acusações, mas a Polícia Federal afirma ter provas contundentes de sua responsabilidade nos atos ilícitos.