
A Rua dos Protestantes, um dos principais pontos de concentração de usuários de drogas da Cracolândia, no centro de São Paulo, amanheceu completamente vazia nesta terça-feira (13). A cena chamou atenção e coincidiu com uma recente declaração do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), que disse que a região estava “com os dias contados”.
“A Cracolândia vai acabar. Quando começamos o governo, eram 2 mil pessoas lá todos os dias. Hoje de manhã, eram 53”, afirmou Tarcísio em entrevista a um podcast.
Segundo o governador, o tráfico de drogas na Cracolândia era utilizado para “desvalorizar imóveis, adquirir propriedades e lavar dinheiro”. Ele destacou que o governo estadual vem atuando para “desidratar esse fluxo” com uma combinação de ações policiais, fechamentos de estabelecimentos e corte de canais de comunicação.
“Estamos fazendo agora a ação no Moinho para dar dignidade às pessoas. Mas o Moinho também funcionava como uma fortaleza do tráfico. Tinha até antena interceptando rádio da polícia. Hoje temos 50, 70 pessoas na Cracolândia durante o dia. Aquela cena que a gente via já está ficando no ado”, completou Tarcísio.
Desde a manhã de terça, a Rua dos Protestantes está praticamente deserta, com apenas viaturas da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana no local. Os dependentes químicos que costumavam circular pela área desapareceram. Nem a prefeitura de São Paulo, nem o governo do estado informaram exatamente quais ações motivaram o esvaziamento.
Prefeitura: “problema ainda não está resolvido”
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse estar “surpreso” com o esvaziamento repentino do local. Segundo ele, a istração municipal intensificou as ações na região nos últimos anos, o que gradativamente reduziu o número de usuários.
“Na ação da Polícia Civil com o Ministério Público e da Polícia Militar, foi preso o Léo do Moinho, que é o grande traficante daquela região”, explicou o prefeito.
Ele também mencionou as ações recentes do Estado e da prefeitura na Favela do Moinho, como a transferência de 821 famílias, ressaltando que o local funcionava como “um dos principais pontos de abastecimento da Cracolândia”.
“Com o abafamento das operações do tráfico de drogas, evidentemente, sem a droga presente, você tem uma facilidade maior de convencer as pessoas a irem para tratamento”, acrescentou Nunes.
Apesar disso, o prefeito reconheceu que a dispersão dos usuários não representa solução definitiva:
“A gente já tem pré-informações de que existe uma movimentação para um outro local. (…) Mas nós estamos caminhando para poder resolver essa situação. A gente tem que, durante alguns dias, ainda manter a sobrevigilância (…) O governador Tarcísio [de Freitas/Republicanos] e eu colocamos uma coisa como meta: nós vamos todo dia trabalhar para fazer enfrentamento àquela situação; tanto do ponto de vista criminal, prender traficante, como do ponto de vista de saúde e assistência social, de dar tratamento para as pessoas.”
A CRACOLÂNDIA VAI ACABAR. Estamos fazendo o que nunca foi feito, o que ninguém teve coragem de fazer. Por isso, reforço aqui meu compromisso: a Cracolândia vai acabar. pic.twitter.com/LO4ee9GFiy
— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) May 12, 2025
Usuários podem ter migrado para outras áreas
Apesar da ausência de usuários na Rua dos Protestantes, relatos indicam movimentação de dependentes químicos em outras regiões da capital, como o entorno do Minhocão, nos bairros da Santa Cecília, Belenzinho e até em avenidas mais afastadas. A prefeitura ainda investiga os novos pontos de concentração e mantém operações de vigilância para evitar o ressurgimento descontrolado de novos fluxos.