
O aumento da receita da Associação Mutualista para Benefícios Coletivos (Ambec), associada ao filho do ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, foi destacado em um relatório da Polícia Federal (PF). O documento revela que o valor saltou de R$ 135 em 2021 para R$ 14,9 milhões em 2022.
Os números indicam um crescimento de 110 mil vezes nas coletas de fundos. A organização está no coração de inquéritos sobre deduções irregulares nas aposentadorias do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Entre 2019 e 2024, a Ambec movimentou R$ 178 milhões, de acordo com informações da CNN Brasil. A Controladoria-Geral da União (CGU) notou uma diferença significativa e conduziu uma auditoria na associação, a qual não forneceu documentos para justificar a correção dos descontos aplicados nos benefícios de seus associados.
De acordo com a CGU, vários aposentados impactados por débitos não conhecem a Ambec. A investigação indica uma conexão da associação com o empresário Maurício Camisotti e Antônio Carlos Camilo Antunes, também conhecido como “Careca do INSS”. Ambos também são membros do Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap).
O que diz a organização ligada ao filho de Lewandowski
Enrique Lewandowski, filho do ministro da Justiça, trabalha como advogado para a Ambec, que está sob investigação pela PF. O escritório la Advogados, no qual Enrique é empregado, atua na representação da associação em um processo no Tribunal de Contas da União (TCU), que identificou irregularidades em descontos a pensionistas ainda em 2024
A defesa da Ambec, representada pelos advogados Daniel Bialski e Bruno Borragine, negou as acusações de descontos indevidos.
“Em todos os casos reclamados, a associação não praticou a atividade ostensiva de captação, prospecção e afiliação de seus associados, sendo tais atividades praticadas por empresas privadas diversas (Corbans), de forma que, se qualquer fraude ocorreu, a associação é tão vítima quanto seus associados”, afirmou a defesa da entidade.
Além da Ambec, outras 11 entidades são investigadas:
- Confederação Brasileira dos Trabalhadores de Pesca e Aquicultura (CBPA);
- Caixa de Assistência dos Aposentados e Pensionistas do INSS (CAAP);
- Associação APDAP Prev;
- Associação de e Assistencial e Beneficente Para Aposentados Servidores e Pensionistas do Brasil (Asabasp);
- Associação dos Aposentados e Pensionistas Nacional (AAPEN);
- AAPPS Universo;
- Associação dos Aposentados e Pensionistas Brasileiros (AAPB);
- Associação Brasileira dos aposentados, pensionista e idosos (ASBrapi);
- Centro de Estudos dos Benefícios dos Aposentados e Pensionistas (Cebap);
- União Nacional de Auxílio Aos Servidores públicos (Unaspub); e
- Associação No Brasil de Aposentados e Pensionistas da Previdência Social (APBrasil).
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Messias diz que I do INSS pode atrapalhar a devolução dos valores
Em uma entrevista concedida ao Canal Gov na terça-feira 20, Jorge Messias, o advogado-geral da União, expressou sua preocupação de que a criação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (MI) para investigar fraudes em descontos a aposentados e pensionistas do INSS poderia interferir nos esforços do governo para assegurar a restituição dos montantes.
“Me preocupo se uma MI, nesse momento, não pode atrapalhar este processo de devolução dos recursos para os aposentados e pensionistas”, declarou Messias. De acordo com o ministro, até o dia 19, mais de 1,6 milhão de pessoas já haviam solicitado ressarcimento por cobranças não autorizadas.
Messias afirmou que “foi de fato montada uma quadrilha no INSS que tinha um único propósito, lesar os aposentados e pensionistas” e destacou que o foco atual é garantir que as entidades envolvidas na fraude arquem com os valores a serem devolvidos. “Já temos em torno de R$ 1 bilhão em bens bloqueados”, comemorou.
As informações são da Revista Oeste