Trump quebra o silêncio e fala sobre racha com Elon Musk

Em uma entrevista com o jornal The New York Post nesta sexta-feira (6), o presidente Donald Trump manteve uma postura serena ao discutir sua recente controvérsia pública com Elon Musk. Em vez de focar diretamente no desacordo com seu antigo aliado, ele optou por discutir suas pesquisas de opinião e o relatório de empregos de maio, que ultraou as previsões.

“Nada me surpreende. Nada,” afirmou Trump ao ser questionado pelo veículo sobre os ataques pessoais feitos a ele na quinta-feira pelo ex-líder do Departamento de Eficiência Governamental, cargo que Musk ocupou.

“O números estão nas alturas, a bolsa está em alta, bilhões estão entrando graças às tarifas, e minhas pesquisas estão nas maiores que já tive. Tirando isso, o que mais posso dizer, né?” disse o presidente em tom descontraído.

O conflito público entre Musk e Trump surgiu a partir das críticas do bilionário à proposta de lei “One Big Beautiful Bill Act”, endossada por Trump, que poderá elevar o déficit federal em aproximadamente US$ 3 trilhões na próxima década.

“Ele conhecia o projeto tão bem quanto qualquer um,” comentou Trump sobre Musk, quando questionado se os dois haviam discutido a legislação.

“O projeto é ótimo. Vai ar, vai ser ótimo para todo mundo, inclusive para ele. E vocês já estão vendo. Olhem o que aconteceu hoje com os números do emprego. Estão nas alturas, e o mercado subiu 600 pontos.”

“Isso é o que eu faço para viver, ok?”

Um assessor sênior do Partido Republicano na Câmara dos Deputados, que mantém contato com a Casa Branca, declarou nesta sexta, segundo um veículo, que a istração Trump não forneceu qualquer diretriz ao Congresso sobre como gerir a situação delicada.

“A Casa Branca não pediu para atacarmos Musk ou defender Trump — ‘Vá atrás do Elon, ele é um traidor’,” disse o assessor, explicando que a equipe do presidente prefere “controlar o ritmo.”

“Nós giramos em torno do Trump.”

O conselheiro do partido republicano destacou que a renúncia de Musk ao governo no dia 30 de maio aconteceu após uma teleconferência de resultados desanimadora com os acionistas da Tesla e os incidentes de incêndio envolvendo carros elétricos, que pareceram deixar Musk “realmente abalado”. Além disso, também houve a tentativa falha de reduzir mais de um trilhão de dólares em despesas através do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).

“Há uma facção no Congresso totalmente contra o DOGE, e acho que ele não percebeu isso totalmente,” explicou.

Ademais, parece que a saída inesperada de Jared Isaacman, aliado de Musk, para comandar a NASA, foi o gatilho para o bilionário expressar-se contra o “grande e belo projeto” de Trump.

As críticas de Musk à “ingratidão” do presidente levaram-no a sugerir um impeachment. Ele também afirmou que Trump estava pessoalmente retardando a liberação de evidências do Departamento de Justiça contra o notório traficante sexual Jeffrey Epstein, pois estaria envolvido.

“Musk não tem conhecimento dos arquivos sobre Epstein,” disse o assessor ao jornal, descrevendo o bilionário como “muito mercurial e disperso, mas também brilhante.”

O assessor da Câmara acrescentou que não houve até o momento nenhum “declínio na determinação de aprovar o projeto” e “nenhum aumento no número de ligações” aos gabinetes do Congresso pedindo uma trégua entre Trump e Musk.

“Todos assumimos que pode haver uma trégua rápida, mais rápido do que qualquer político conseguiria intervir,” afirmou.

Um aspecto que pode ter consequências duradouras é o financiamento de campanhas, se o magnata da Tesla e SpaceX decidir não apoiar candidatos republicanos nas eleições intermediárias do próximo ano.

Musk doou US$ 289,1 mil ao Comitê Nacional Republicano da Câmara, principal braço de campanha do partido, em agosto de 2024.

“Se isso zerar, os republicanos na Câmara vão sentir o impacto antes do Trump,” disse a fonte ao The New York Post. “É como perder dez George Soros. Como isso soaria para eles?”